O crime do caseiro
Por: Azuaite Martins de França
Imagine um crime.
Um assassinato. Um inocente morto. Sem poder reagir. Sem saber por que.
Imagine a estampa de espanto no último olhar da vítima.
Veja o sangue jorrando. Olhe ao redor e veja a família que a tudo assistiu. A perplexidade. O choro dos pais. Da mulher desesperada. Dos filhos pequenos gritando pelo pai.
Olhe bem para o rosto do criminoso.
Há um sorriso frio em sua face. Olhe melhor. Agora o sorriso já é um riso. De deboche.
Ele está debochando de você.
Ele vai cometer mais três crimes. Semelhantes ao primeiro. Ele vai cometer mais três crimes porque sabe que não será punido. Ele tem costas quentes. Tem bons advogados. Tem apoio dos poderosos.
Conheço bem a sua reação, leitor. Temos a mesma indignação. O mesmo nojo. O mesmo grito por justiça.
Pense, agora, que a vítima era um funcionário público. Antonio Santoro. O primeiro tiro pelas costas. Sem defesa. Depois, mais dois. Já estava morto. Mas era preciso ter certeza.
A segunda vítima estava num açougue. Lino Sabbadin. Foram dois tiros. O sangue do inocente misturado ao sangue dos animais. Para o assassino inocentes e animais não têm diferença.
Pierluigi Torregiani estava feliz. Ia às compras com os filhos. Tiros interromperam a felicidade de Pierluigi. O corpo inerte na calçada. O pranto dos filhos agarrados ao cadáver era um ingrediente a mais naquele banquete de curiosos.
Um policial caminhava despreocupado em direção de seu carro, estacionado numa rua da movimentada cidade. De repente. Cinco tiros. Certeiros. Era a quarta vítima.
Dor!
Quatro inocentes e um assassino: Battisti.
Ao conceder refúgio ao assassino Battisti, condenado pelos tribunais italianos, o Ministro Tarso Genro e o Presidente Lula tripudiam sobre o povo italiano e sobre a memória de todos aqueles que um dia foram vitimados pela injustiça e pelo terror.
O terrorismo não tem ideologia. Não existe terrorismo de direita nem terrorismo de esquerda. Existe o terrorismo. E deve ser abominado e combatido por todos nós que defendemos a vida e a liberdade.
A defesa que Tarso, Lula e o PT fazem de Battisti não pode nos surpreender, no entanto. Basta relembrar o episódio dos atletas cubanos que durante os jogos pan-americanos abandonaram sua delegação. O governo brasileiro devolveu-os imediatamente a Cuba.
Relembremos o caso do ex-padre colombiano Olivério Medina, embaixador dos narcoterroristas das FARC junto ao governo Lula e palestrante na Universidade Federal de São Carlos. Além de obter refúgio político do governo brasileiro, foi presenteado com emprego para sua mulher numa secretaria junto à Presidência da República.
Existe uma evidente lógica em todos esses casos de amparo a criminosos neste governo Lula que, não duvidem, pode levar Fernandinho Beira Mar a arguir a condição de preso político, e quem sabe, receber polpuda indenização.
A lógica se afirma mais ainda quando ficamos sabendo que o advogado que defende Césare Battisti, é o mesmo que defendeu Daniel Dantas e Silvio Lancelotti. É o mesmo que defendeu o PT envolvido no caso do assassinato do prefeito Celso Daniel. É bom que se diga que os familiares do prefeito tiveram que deixar o país que, em nenhum momento, garantiu-lhes a integridade física e moral ameaçada.
Envolvido nos escândalos na Lubeca, de Daniel Dantas e de tantos outros, o advogado de Battisti foi, também, o defensor dos sequestradores do empresário Abílio Diniz.
A solidariedade do petismo com o lunpen-proletariado e com o crime organizado deformou um ideário que iludiu tanta gente honesta.
Mas toda essa afronta, toda essa valentia, se desmancha quando alguém propõe examinar o passado político do país e investigar os crimes cometidos pelo regime militar. Com medo da farda, esses brancaleones de estrela no peito omitem-se. Oxalá tivessem a hombridade dos chilenos e dos argentinos! Esses não exitaram e revolver suas vísceras políticas.
Pena que no Brasil pouco se discuta essas questões. O povo se mobiliza por paixões. Quando as paixões são vitimadas pela violência, a compreensão da gravidade aflora. Se a Itália, por represália tivesse cancelado o jogo amistoso contra o Brasil, em Londres, o caso Battisti alcançaria as ruas e seria debatido em cada esquina.
Crime, de fato, cometeu o caseiro Francelino. Coitado. Foi honesto.
Ele é que devia pedir asilo político.
Azuaite Martins de França é presidente do PPS de São Carlos (SP), formado em Letras e Ciências Sociais pela UNESP, Advogado, Diretor do CPP e Presidente do Conselho Estadual de Alimentação Escolar do Estado de São Paulo.
Historietas de fantasmas - O desafio
Há 11 anos
Um comentário:
Ainda não digeri as fajutas explicações - não dadas - pela tortura e assassinato do prefeito Celso Daniel...que fazia um dossiê e morreu tentando contar algumas verdades!
Faltou, ao autor do artigo, dr. Azuaite, mencionar, também o assassinato do Paulinho do PT, de Campinas!
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