29 de junho de 2010

CADÊNCIAS TRISTES DE INVERNO: BEIJOS E LÁGRIMAS
”Que são as palavras? Uma lágrima diz muito.”( SCHUBERT)
*Irene Zanette de Castañeda

Um dos aspectos típicos da sensibilidade humana é o entrelaçamento de beijos e lágrimas. São elos sentimentais entre humanos com sua natureza. As flores também choram ao alvorecer, quando o sol derrete suas pequenas lágrimas endurecidas pela geada ou neve da noite. Quantas histórias de amor as lágrimas nos podem contar! Um amor que se foi. Outro que chegou, de repente. Outro que ainda espera ansiosamente, a hora certa de esmagar com beijos a boca que tanto espera! As flores escutam os suspiros de amor que aquecem o ambiente de ansiedade, de esperança, de desespero. Uma saudade! Suportam em sua pétalas coloridas as dores do mundo, as dores dos amores desfeitos, as dores dos amores aprisionados nos corações insensíveis que resistem à emoção .Uma partida? Uma volta? Um adeus? A vida fica menos florida e perfumada quando se vai um grande amor.E quando não há mais beijos? Vem o frio, a mudez de um desejo. Ah! Mas aquelas bocas se deram tanto ao sabor de tantos beijos! Beijos que deixaram na boca, na alma, todo um sonho de construção do mais belo bosque florido, cheiroso! Uma vida a dois seria a escalada pela essência do fogo enigmático a arder dentro do peito inflamado! Ah! Meu triste amado!. AH! Quanta loucura! Foram tantos os momentos loucos! Esconderam-se nas palavras. Elas também choram na poesia que emana de seus sons enigmáticos. Falam de amores imperfeitos, de amores sofridos, de amores encantados. Às vezes, em vão tão desejados! Quantos amores tornados lágrimas! Foram momentos invisíveis abandonados nos nossos sonhos. Foram Beijos que percorreram nossas entranhas. Não os esqueceremos jamais . Eram de fogo em cujas bocas ferviam ao querer mais e mais. Eram beijos cozinheiros que se escorregavam pelo corpo inteiro acendendo as chamas de desejo. “Eu te amo!” “Te desejo! “Eu quero mais!” Despertavam o ardor de uma paixão mais forte que o mundo inteiro. Ainda não se perderam no tempo. Nós que os vivemos ainda os experimentamos nas lembranças ,nos eternos retornos desses momentos tão loucos, desses dois loucos que tanto souberam amar, com paixão e desejo. Com a ânsia de viver aos beijos, mais nada! Ah! Nos encontraremos de novo! Éramos duas crianças crescidas, de bem com a vida,sonhando com a terra prometida. Ah! Nunca mais! Mas há outro beijo bonito, quase esquecido. Aquele que ficou para sempre marcando presença nas nossas vidas tão assumidas! Tão vividas! Perdidas no jardim da vida que ainda era um botão. Beijo testemunho de um querer inocente desenhado ainda no coração ardente que não se abriu. Foi um sonho? Uma ilusão?Ou partiu deixando aquela marca líquida e salgada queimando ainda os lábios ? Deliciosas lágrimas salgadas!. “Quanto do seu sal foram” momentos de paixão vividos, nas horas mais lindas de nossa vida tão bem vivida! E agora? Em que boca percorrerão aqueles beijos cozinheiros? Tão faceiros! Ah! Como nossas lágrimas se misturavam àqueles beijos! Hoje não se chora mais. Em que tempo tanto se chorou? Por que, hoje, a insensibilidade secou tantos olhos? Por quê? Por que, pergunta Barthes, a sensibilidade se transformou em pieguice? Mas eu choro. E com meu choro conto nossa história! Uma glória de amor! Muita dor! Não são minhas palavras, mas meu corpo que fala em lágrimas sobre a dor que ficou. São lágrimas derramadas por um mito que se consagrou no meu peito, dinamizou meu coração,ferveu meu sangue,subiu na minha face,encheu meus olhos , transformou-se nessa torrente, nessa cadência triste sem os beijos seus.


*A autora é escritora e poetisa

Um comentário:

Daidy Peterlevitz disse...

A escritora, dra Irene, é poetisa, escritora e...dá-me a honra em ser minha amga!
Meu abraço.
Daidy.

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Quem sou eu

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São Carlos, São Paulo, Brazil
Daidy Peterlevitz é aposentada, com qualificação para lecionar desde a pré-escola ao Colegial (Matemática e Física).Tem trabalhos publicados na Antologia “A Pena e a Lua”, da APEBS - Associação dos poetas e escritores da Baixada Santista.É autora dos livros As Duas Faces da Mesma Moeda e Quatro Bruxas no Elevador, lançado na Bienal do Livro, em S.Paulo. É autora do projeto DEMBLI, que facilita a circulação de livros, em escolas sem bibliotecárias. Trabalha em seu projeto no qual afirma que o bebê pode e deve aprender a ler. Também fez parte do antigo "SEROP" que funcionava no G.E Oswaldo Cruz, em São Paulo, sob a direção do sr.Jocelyn Pontes Gestal. Era orientadora de Ciências. O grupo, estudava a filosofia e a pedagogia de mestres, preparava apostilas, ia à inúmeras escolas, em S.Paulo e arredores, levando orientação diretamente aos professores ou,se distante como Sta. Izabel, aos diretores, que as passavam aos professores. Atualmente, escreve para seis jornais e, a todos agradece pelo espaço cedido.