9 de abril de 2010

Duas mãos atadas, uma casinha branca, uma vaca e...uma flor!

Já faz tempo, eu era uma fedelha, órfã do pai Giulio Peterlevitz e minha querida mãe Julietta Gazzetta, estava inconsolável Foi o único amor dela1 Não sei como explicar isso, mas a tradição da família persiste! Eu só tive um amor, que não deu certo, mais ou menos, somos amigos e minha irmã Nancy, também só teve um amor, de nome Àtilla, rei dos hunos, que também não deu certo! Fazer o quê, não é? Acontece!
Eu tenho muito a lhes contar, queridos leitores, antes e a partir disso, mas volto à flor, o capitão.
A nossa história começa assim, lá longe nos tempo de antigamente, mas, o amor tem imensa memória!
Tudo como se fosse hoje! Eu era uma fedelha , que havia conquistado o amor e o respeito daquele novo pai, não biológico, Richars Balkans,mas de verdade!
Tinha as mão rudes, calosas e fortes, ele. E como trabalhavam essas mãos rudes! Enchiam de tijolos a carroceria de um caminhão. Eu bem que tentava ajudar, mas eram mãos de fedelha....
Todas as tardes, essas mãos, tão diferentes, se juntavam., eu me sentia muito segura e íamos...até lá em cima, como me parecia, então, buscar leite. A vasilha, uma latinha alta, com tampa, eu a tenho até hoje, mais de meio século passado.
O “lá em cima”, de antes, hoje é onde fica o colégio Dr.João Thienne..Como tenho saudades do dr. João Thienne, que jogava xadrez naquela farmácia dele! Ali ele me ensinou até a aplicar injeção na época da gripe asiática. Creio que só eu e ele não ficamos gripentos. O pessoal vinha, dos sítios, em carrocinhas lotadas., em busca de remédios, que eram dois, do dr. Thienne: uma injeção e algumas cápsulas grandes, que ele me ensinou a enchê-las e a grudá-las, numa maquininha..
A maquininha me lembra aquela da minha vó Mathiede, de moer café: um braço só e uma perna só. Não, não, ignóbil ser! Era a máquina que só tinha uma perna e um braço! Minha vó Mathiede os possuía em dobro, inclusive o coração..
Lembro-me daquela manhã, no tempo da gripe asiática, quando chegou o sr. Romildo Rampazzo, um amigo gripento. Preparei a seringa, passei-lhe álcool no braço e...como é que é? Bum-bum? Não, era mesmo injeção no braço de todos, mesmo. Aquilo era uma farmácia, amigo e não...uma câmara de gás! Bem, o Sr. Romildo tinha a pele tão dura, que botei ali toda a força que eu tinha e...nada! a agulha se entortou! Que pele de rinocerante!
Voltemos ao assunto de como era o “lá em cima”, antes. Um espaço grande, com nada em volta. Apenas uma casinha branca, simples, da sra.Olga, proprietária de uma vaca, que ordenhava. Como tudo era lindo! A casinha branca, a sra. Olga, a vaca...tudo rodeado e enfeitado pelas cores do arco-íris, que Deus havia emprestado àquelas flores rudes, do campo, o capitão.
O tempo passa, as emoções ficam. Se você vier à minha cabana, verá que eu tenho 20 canteiros, com árvores frutíferas e, ao lado delas...vicejam capitães em todas as cores.
Tenho muito a contar, antes e depois, quando fui à minha querida Americana, estudar.
Como era braba e exigente a diretora Aparecida Paioli. “Qui, quae, quod, a Paioli tem bigode”, dizia uma travessa amiga de sobrenome Valente.
Meu coração guarda os traços da personalidade de cada um dos colegas que se formaram professores, comigo. Éramos 28. Estávamos em 25, no inesquecível almoço de 50 anos de formatura. Perdemos o Plínio Bonin, depois.
Naquele almoço, eu e a querida Carmelita Maria de Castro ensaiamos aquela melodia antiga, que dizia assim: “Adeus, adeus, mansão querida (era a escola de então), adeus, adeus, mansão do amor! Quadra feliz, de nossa vida, templo de glória e de esplendor! Saudades dos mestres queridos, saudades das suas lições, saudades dos dias vividos, ao lado dos seus corações! Adeus, adeus, tristonhos vamos e, caminhando, a novos sonhos, saudade é dor...em vos deixar!”
Vou encarregar a historiadora amiga, Fanny Olivieri, de enviar meu afeto a todos eles, que estão vivendo, aumentando e revivendo o “rio redondo de cada um”. Aposto nisso e, em outras palavras, eles guardam a sua maneira em contar sobre “Duas mãos atadas, uma casinha branca, uma vaca e...uma flor”!
daidypeterlevitz@hotmail.com

Um comentário:

Ivoninha disse...

Oi Daidy! Maravilha de texto minha querida... Vc sabe como tocar a alma do leitor... Bjs Ivone

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Quem sou eu

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São Carlos, São Paulo, Brazil
Daidy Peterlevitz é aposentada, com qualificação para lecionar desde a pré-escola ao Colegial (Matemática e Física).Tem trabalhos publicados na Antologia “A Pena e a Lua”, da APEBS - Associação dos poetas e escritores da Baixada Santista.É autora dos livros As Duas Faces da Mesma Moeda e Quatro Bruxas no Elevador, lançado na Bienal do Livro, em S.Paulo. É autora do projeto DEMBLI, que facilita a circulação de livros, em escolas sem bibliotecárias. Trabalha em seu projeto no qual afirma que o bebê pode e deve aprender a ler. Também fez parte do antigo "SEROP" que funcionava no G.E Oswaldo Cruz, em São Paulo, sob a direção do sr.Jocelyn Pontes Gestal. Era orientadora de Ciências. O grupo, estudava a filosofia e a pedagogia de mestres, preparava apostilas, ia à inúmeras escolas, em S.Paulo e arredores, levando orientação diretamente aos professores ou,se distante como Sta. Izabel, aos diretores, que as passavam aos professores. Atualmente, escreve para seis jornais e, a todos agradece pelo espaço cedido.

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