Embarquei num ônibus limpo,para, de S.Carlos ir à Santos. Claro que preferia poltrona à janela; crianças e idosos gostam de ver a “paisagem que vai para trás”. Ao meu lado, o Bud, personagem imaginário que criei para não falar sozinha. Acomodados, a viagem se inicia e fiquei a olhar o céu. De repente, deu-me vontade de estar lá em cima e relembrei, de Paulo Coelho, no livro O Alquimista, o seguinte: “quando se quer algo que seja bom e se o quer muito, o universo todo conspira para que se realize”. Cabeça encostada no alto da poltrona, fechei os olhos e desejei com força: “quero ir ao céu, quero visitar os Santos”. Eu não sei como, mas voei entre nuvens azuladas, escuras, quentes, geladas, quietas ou endiabradas e...aportei no céu! À porta deveria estar São Pedro, mas não! Era um moderno estudante de escola técnica, “aprendiz de porteiro”, com só meia barba. Educada, apresentei-me e disse pretender visitar os Santos. Chiii, quanta burocracia!! Nomes dos pais, avós, bisavós, shampoo que usava...nada disso, lhe disse. Não falo com soldado, mas quero o general; leve-me ao seu líder! Relutante, acabou entendendo que quando eu quero, eu quero! Entrei. Espaço lindo, grande, em forma de longo corredor. São Pedro foi afável:
- Altura?
– 1,80m.
– Peso?
– 68kg.
–Pele e osso; é fome?
– Vigilantes do peso.
Comecei a visita. O primeiro era Santo expedito, das causas urgentes e não é que a Marta Suplicy falava com ele?! - Santo, estou apertada, é xixi, onde fica o sanitário? – Senhoura, aqui não há disso não, credo! Mas, se é urgente mesmo, vai até lá ao fundo, passa pelas estátuas dos Santos e, junto ao pé de São Pedro há um espacinho, deságua ali. – Mas, meu Santo, vou fazer xixi no pé do Santo?! – Ora, ora, pra quem já fez caca em São Paulo, não é nada urinar em S.Pedro!
Depois vi a Santa Edwirges, protetora dos endividados. Você não vai acreditar, mas havia uma baita fila ali.Todos pelados, mão na frente, mão atrás. Eram os brasileiros do crédito consignado, claro! Uma outra fila chamou-me a atenção; eram pessoas tristes, alquebradas, que haviam morrido nas macas, no chão, nos corredores e, tadinhos, pediam misericórdia a S. Camilo de Lelis, protetor da Saúde. Brasileiros, lógico. Passei por muitos outros Santos, até que cheguei no Santo Antonio e fui papear.
- Acorda, dorminhoca! Já estamos em Santos!
- Santo? Que Santo?! Bud, tive um sonho tão lindo...
- Não foi o que me pareceu! Primeiro, você fez o sinal da cruz. Depois, temi que fosse se atracar com alguém, tamanha era sua fúria! Com o dedo no nariz de alguém, gritava:
- Você, santoca infernal! Alcoviteiro! Quando morrer irá para os quintos dos infernos por falsidade ideológica! Casamenteiro das arábias...biltre!! mentiroso!!!
- Eu não disse que fui visitar os Santos? Bem...quase!
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