4 de fevereiro de 2010

LOUCURA EQUILIBRADA

*Irene Zanette de Castañeda

“Uma crença forte demonstra apenas a sua força, não a verdade daquilo que se acredita.” (Nietzache)

Difícil falar neste ser que se diz racional, que pensa não sei bem no quê, anda não sei bem por onde, aprendendo e fazendo coisas abaixo da linha da racionalidade. Este se diz homem. Sua única marca masculina é o sexo. As outras são as da besta. A maioria dos homens de todos os tempos andou e ainda anda enveredando-se pelas crenças desde as mais sensatas loucuras equilibradas até as mais absurdas e enlouquecidas explicações para aquilo que a ciência nunca conseguiu explicar. A isso se chama mito. Mito é essa narrativa sagrada que viajou por milênios envolvendo o pensamento humano, orientando ora para o bem, ora para o mal. Bem e Mal, cada cultura tem o seu ponto de vista. Por isso muitas nações desentendem-se, por isso, há homens que julgam outros pelo seu ponto de vista e não pela razão. Mitos foram e continuam sendo crenças religiosamente críveis.E os rituais prendem-se a eles. O pensamento evolui, e a ciência caminha atrás daqueles absurdos desautorizando-os, enquanto pensamento sem validade científica, enquanto frutos da imaginação doentia que causa a discórdia entre as pessoas e doenças em si mesmas. Há pessoas incapazes de pensar que seus males vêm de si mesmas, de seus pensamentos negativos que se concretizam nas mais perigosas doenças e loucuras. Têm pensamentos influenciados por mágicas mentirosas, por isso, maléficas.. Em nome do eterno desconhecido, enovelaram-se de fantasmas mal comportados que apareceram e continuam aparecendo na doentia imaginação a atormentar ou trazer falsas soluções. Enveredados pelos sonhos, pelos pesadelos, enquanto dorme, ou despertos com alucinações, o homem fraco necessitou sempre de uma força maior para tirar-lhe a responsabilidade de suas más ações. Acusou sempre outras forças e a outras pessoas como causadoras de seus males. Para o fraco ou medíocre, embora, muitas vezes, dotado de algum conhecimento específico referente à pura matéria, é sempre o outro o causador de seus males, de suas doenças ou loucuras.


As doenças físicas, mentais e emocionais que atingem essas pessoas são, no mais das vezes, o Karma, ou seja, as causas e efeitos daquilo que se pensa ou se acredita. E certas crenças são frutos da irracionalidade, da loucura desequilibrada. Há, porém, a loucura equilibrada, aquela em que as pessoas pensam e agem corajosamente de acordo com outros mundos, outras culturas, outras civilizações visceralmente diferentes da sua e que deram certo. São exceções, ao redor deste universo pleno de uma multidão de seres desorganizados, irracionais e insensíveis.. Nunca são martirizados como escravos do tempo ou de superstições inconscientes. São seres dignos de consideração, tolerância e imitação porque estão sempre bêbados de coragem, de poesia e de virtudes.

* Professora de Literatura da UFSCar

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Daidy Peterlevitz é aposentada, com qualificação para lecionar desde a pré-escola ao Colegial (Matemática e Física).Tem trabalhos publicados na Antologia “A Pena e a Lua”, da APEBS - Associação dos poetas e escritores da Baixada Santista.É autora dos livros As Duas Faces da Mesma Moeda e Quatro Bruxas no Elevador, lançado na Bienal do Livro, em S.Paulo. É autora do projeto DEMBLI, que facilita a circulação de livros, em escolas sem bibliotecárias. Trabalha em seu projeto no qual afirma que o bebê pode e deve aprender a ler. Também fez parte do antigo "SEROP" que funcionava no G.E Oswaldo Cruz, em São Paulo, sob a direção do sr.Jocelyn Pontes Gestal. Era orientadora de Ciências. O grupo, estudava a filosofia e a pedagogia de mestres, preparava apostilas, ia à inúmeras escolas, em S.Paulo e arredores, levando orientação diretamente aos professores ou,se distante como Sta. Izabel, aos diretores, que as passavam aos professores. Atualmente, escreve para seis jornais e, a todos agradece pelo espaço cedido.

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