21 de janeiro de 2010

Dilma no Céu (publicado no Estadão, 04/12/2009)

João Mellão Neto
Caiu um forte raio em Brasília. Desses que o governo afirma que são capazes de causar um blecaute. Ele caiu justamente no Palácio do Planalto. Para espanto de alguns e alívio de outros, o raio deu de cair exatamente na cabeça da ministra Dilma Rousseff, que foi literalmente torrada. Sem nada o que fazer, ela se dirigiu ao Além.

Ela tinha certeza de que iria para o Inferno. Mas, como o capeta não veio buscá-la, resolveu tentar a sorte no Céu.
Já no portal, encontrou São Pedro com uma meia dúzia de assessores.
" a senhora precisa passar por um julgamento", disse-lhe o guardião do Paraíso.
Quero um advogado!"
Não temos. Os advogados do tipo que a senhora precisa foram todos para o outro lado. A seora vai ter de se defender sozinha."
"Está bem. Eu sei me virar!"
"Comecemos pela sua juventude. É verdade que a senhora foi guerrilheira?"

"Fui! Do Colina e da VAR-Palmares! E era líder! Pode perguntar lá embaixo que tem um montão de gente que confirma!"

Eu não entendo. A senhora tem orgulho de ter sido terrorista?"

"No Brasil isso pega bem. Tem até um órgão do governo que paga indenizações."

"Consta aqui na sua ficha que a senhora se dedicava a tarefas que não têm nada que ver com uma guerra revolucionária. Roubar cofres, por exemplo."
"É fazer o quê...? Nós expropriamos um que tinha nada menos que US$ 2 milhões!"

"E o que vocês fizeram com o dinheiro?"

"Uma parte nós repartimos com os companheiros dos outros grupos."

"E o resto?"

"Não tinha resto. Era para as nossas despesas. Era eu mesma que cuidava do dinheiro."

"Bom, vamos passar adiante. A senhora ficou alguns anos presa, depois tratou de estudar."

"Eu me graduei, depois fiz o mestrado e o doutorado. Pode ler na minha página na internet."

"Tem gente que diz que a senhora não fez nem uma coisa nem outra..."

"Eu vou lhe dar a mesma resposta que dei para a imprensa: fiz o curso de mestrado, mas não o concluí. Depois eu voltei para a escola, a Unicamp, para fazer o doutorado. Também não me formei porque virei ministra..."

"A Unicamp informou que a senhora nunca se matriculou lá..."
"Isso é mentira!"

"Hum, trata-se de uma carreira bem peculiar... Aqui, na sua ficha, consta também que em 1989 a senhora foi nomeada diretora-geral da Câmara Municipal de Porto Alegre e foi demitida pelo presidente da Casa porque chegava tarde ao trabalho."

"Isso é mentira!"

"A senhora é conhecida como a mãe do PAC. E há quem diga que é, também, madrinha do apagão."

"Isso é mentira! Só porque eu fui ministra da área energética por alguns anos, eu sou agora responsabilizada por tudo!"

"Dizem que foi a senhora que formulou o atual modelo de energia."

Isso é mentira! Quando eu assumi, todas as usinas hidrelétricas já estavam lá!"

"A que a senhora - que entende do assunto - atribui o apagão?"

"Vou-lhe dar a versão oficial do governo: eram três linhões. Acontece que caíram três raios ao mesmo po, um em cada um. Os três entraram em curto-circuito e deu no que deu."

"É uma visão, no mínimo, curiosa... No governo passado houve racionamento de energia porque as chuvas não vieram e os reservatórios de água das usinas hidrelétricas ficaram vazios. Vocês eram da oposição na época e exploraram eleitoralmente o fato. E agora?"

"O apagão do FHC se deu por incompetência. Já o nosso foi devido ao clima, conforme eu já expliquei..."

"Já sei, três raios caíram simultaneamente nas três linhas... E vai por aí afora. Há quem diga que houve sobrecarga do sistema e ele caiu..."

"Isso é mentira! Os raios caíram nos linhões e o assunto está encerrado. Não se fala mais nisso."
"Escute, para a senhora, tudo é mentira."

"Isso também é mentira!"

"Vamos mudar de assunto. A ex-secretária da Receita Federal depôs no Congresso afirmando, com todas as letras, que esteve em seu gabinete, no Palácio do Planalto, e que a senhora lhe pediu para aliviar a barra num processo..."

"Isso é mentira! Nunca estive com essa mulher!"

"Ela disse, recentemente, que tem como provar o que falou... Além do mais, o prédio é inteiramente monitorado. Basta procurar a gravação que a questão fica resolvida."

"Vamos encontrar uma versão conciliatória. Eu admito que a recebi no meu gabinete, mas foi para tratar de outros assuntos."
"Quais?"

"Não me lembro mais. Como canta o Roberto Carlos, "são tantas emoções..."

"Bom, dona Dilma, sinto muito, mas a senhora não preenche os requisitos mínimos para entrar no Céu. Eu não entendi porque Satanás não se dispôs a recebê-la. Aguarde um momento que eu vou telefonar para ele."

São Pedro saiu da sala, pegou o seu celular e ligou diretamente para o "coisa ruim".

"Oi, Lúcifer, porque é que você não foi receber a Dilma Rousseff?"

"Eu não quero nem saber dessa mulher!", explicou o príncipe das trevas. "Se ela vier para cá, em dois minutos vai estar mandando em todo mundo. Essa mulher tem cabelo na venta, é nervosa, irritadiça e impaciente. Estou fora!"

"E o que é que eu faço com ela?!", desesperou-se São Pedro.

"Eu sei que foge dos regulamentos, não deixe o Chefão saber disso, mas o que se pode fazer é pedir desculpas e devolvê-la para o Ministério do Lula... Os dois se entendem bem porque, no fundo, se merecem..."

João Mellão Neto, jornalista





































orque eu fui ministra da área energética por alguns anos, eu sou agora responsabilizada por tudo!"







"Dizem que foi a senhora que formulou o atual modelo de energia."



"Isso é mentira! Quando eu assumi, todas as usinas hidrelétricas já estavam lá!"



"A que a senhora - que entende do assunto - atribui o apagão?"







"Vou-lhe dar a versão oficial do governo: eram três linhões. Acontece que caíram três raios ao mesmo tempo, um em cada Os três entraram em curto-circuito e deu no que deu."



"É uma visão, no mínimo, curiosa... No governo passado houve racionamento de energia porque as chuvas não vieram e os reservatórios de água das usinas hidrelétricas ficaram vazios. Vocês eram da oposição na época e exploraram eleitoralmente o fato. E agora?"







"O apagão do FHC se deu por incompetência. Já o nosso foi devido ao clima, conforme eu já expliquei..."



"Já sei, três raios caíram simultaneamente nas três linhas... E vai por aí afora. Há quem diga que houve sobrecarga do sistema e ele caiu..."







"Isso é mentira! Os raios caíram nos linhões e o assunto está encerrado. Não se fala mais nisso."



"Escute, para a senhora, tudo é mentira."



"Isso também é mentira!"







"Vamos mudar de assunto. A ex-secretária da Receita Federal depôs no Congresso afirmando, com todas as letras, que esteve em seu gabinete, no Palácio do Planalto, e que a senhora lhe pediu para aliviar a barra num processo..."







"Isso é mentira! Nunca estive com essa mulher!"



"Ela disse, recentemente, que tem como provar o que falou... Além do mais, o prédio é inteiramente monitorado. Basta procurar a gravação que a questão fica resolvida."







"Vamos encontrar uma versão conciliatória. Eu admito que a recebi no meu gabinete, mas foi para tratar de outros assuntos."



"Quais?"



"Não me lembro mais. Como canta o Roberto Carlos, "são tantas emoções..."







"Bom, dona Dilma, sinto muito, mas a senhora não preenche os requisitos mínimos para entrar no Céu. Eu não entendi porque Satanás não se dispôs a recebê-la. Aguarde um momento que eu vou telefonar para ele."







São Pedro saiu da sala, pegou o seu celular e ligou diretamente para o "coisa ruim".



"Oi, Lúcifer, porque é que você não foi receber a Dilma Rousseff?"



"Eu não quero nem saber dessa mulher!", explicou o príncipe das trevas. "Se ela vier para cá, em dois minutos vai estar mandando em todo mundo. Essa mulher tem cabelo na venta, é nervosa, irritadiça e impaciente. Estou fora!"







"E o que é que eu faço com ela?!", desesperou-se São Pedro.



"Eu sei que foge dos regulamentos, não deixe o Chefão saber disso, mas o que se pode fazer é pedir desculpas e devolvê-la para o Ministério do Lula... Os dois se entendem bem porque, no fundo, se merecem..."







João Mellão Neto, jornalista










































Dilma no Céu (publicado no Estadão, 04/12/2009)


João Mellão Neto





Caiu um forte raio em Brasília. Desses que o governo afirma que são capazes de causar um blecaute. Ele caiu justamente no Palácio do Planalto. Para espanto de alguns e alívio de outros, o raio deu de cair exatamente na cabeça da ministra Dilma Rousseff, que foi literalmente torrada. Sem nada o que fazer, ela se dirigiu ao Além.







Ela tinha certeza de que iria para o Inferno. Mas, como o capeta não veio buscá-la, resolveu tentar a sorte no Céu.



Já no portal, encontrou São Pedro com uma meia dúzia de assessores.



"Antes de entrar aqui, a senhora precisa passar por um julgamento", disse-lhe o guardião do Paraíso.



Quero um advogado!"



"Não temos. Os advogados do tipo que a senhora precisa foram todos para o outro lado. A senhora vai ter de se defender sozinha."



"Está bem. Eu sei me virar!"







"Comecemos pela sua juventude. É verdade que a senhora foi guerrilheira?"



"Fui! Do Colina e da VAR-Palmares! E era líder! Pode perguntar lá embaixo que tem um montão de gente que confirma!"



Eu não entendo. A senhora tem orgulho de ter sido terrorista?"



"No Brasil isso pega bem. Tem até um órgão do governo que paga indenizações."



"Consta aqui na sua ficha que a senhora se dedicava a tarefas que não têm nada que ver com uma guerra revolucionária. Roubar cofres, por exemplo."







"É, vai fazer o quê...? Nós expropriamos um que tinha nada menos que US$ 2 milhões!"



"E o que vocês fizeram com o dinheiro?"



"Uma parte nós repartimos com os companheiros dos outros grupos."







"E o resto?"



"Não tinha resto. Era para as nossas despesas. Era eu mesma que cuidava do dinheiro."



"Bom, vamos passar adiante. A senhora ficou alguns anos presa, depois tratou de estudar."







"Eu me graduei, depois fiz o mestrado e o doutorado. Pode ler na minha página na internet."



"Tem gente que diz que a senhora não fez nem uma coisa nem outra..."



"Eu vou lhe dar a mesma resposta que dei para a imprensa: fiz o curso de mestrado, mas não o concluí. Depois eu voltei para a escola, a Unicamp, para fazer o doutorado. Também não me formei porque virei ministra..."







"A Unicamp informou que a senhora nunca se matriculou lá..."



"Isso é mentira!"



"Hum, trata-se de uma carreira bem peculiar... Aqui, na sua ficha, consta também que em 1989 a senhora foi nomeada diretora-geral da Câmara Municipal de Porto Alegre e foi demitida pelo presidente da Casa porque chegava tarde ao trabalho."







"Isso é mentira!"



"A senhora é conhecida como a mãe do PAC. E há quem diga que é, também, madrinha do apagão."



"Isso é mentira! Só porque eu fui ministra da área energética por alguns anos, eu sou agora responsabilizada por tudo!"







"Dizem que foi a senhora que formulou o atual modelo de energia."



"Isso é mentira! Quando eu assumi, todas as usinas hidrelétricas já estavam lá!"



"A que a senhora - que entende do assunto - atribui o apagão?"







"Vou-lhe dar a versão oficial do governo: eram três linhões. Acontece que caíram três raios ao mesmo tempo, um em cada um. Os três entraram em curto-circuito e deu no que deu."



"É uma visão, no mínimo, curiosa... No governo passado houve racionamento de energia porque as chuvas não vieram e os reservatórios de água das usinas hidrelétricas ficaram vazios. Vocês eram da oposição na época e exploraram eleitoralmente o fato. E agora?"







"O apagão do FHC se deu por incompetência. Já o nosso foi devido ao clima, conforme eu já expliquei..."



"Já sei, três raios caíram simultaneamente nas três linhas... E vai por aí afora. Há quem diga que houve sobrecarga do sistema e ele caiu..."







"Isso é mentira! Os raios caíram nos linhões e o assunto está encerrado. Não se fala mais nisso."



"Escute, para a senhora, tudo é mentira."



"Isso também é mentira!"







"Vamos mudar de assunto. A ex-secretária da Receita Federal depôs no Congresso afirmando, com todas as letras, que esteve em seu gabinete, no Palácio do Planalto, e que a senhora lhe pediu para aliviar a barra num processo..."







"Isso é mentira! Nunca estive com essa mulher!"



"Ela disse, recentemente, que tem como provar o que falou... Além do mais, o prédio é inteiramente monitorado. Basta procurar a gravação que a questão fica resolvida."







"Vamos encontrar uma versão conciliatória. Eu admito que a recebi no meu gabinete, mas foi para tratar de outros assuntos."



"Quais?"



"Não me lembro mais. Como canta o Roberto Carlos, "são tantas emoções..."







"Bom, dona Dilma, sinto muito, mas a senhora não preenche os requisitos mínimos para entrar no Céu. Eu não entendi porque Satanás não se dispôs a recebê-la. Aguarde um momento que eu vou telefonar para ele."







São Pedro saiu da sala, pegou o seu celular e ligou diretamente para o "coisa ruim".



"Oi, Lúcifer, porque é que você não foi receber a Dilma Rousseff?"



"Eu não quero nem saber dessa mulher!", explicou o príncipe das trevas. "Se ela vier para cá, em dois minutos vai estar mandando em todo mundo. Essa mulher tem cabelo na venta, é nervosa, irritadiça e impaciente. Estou fora!"







"E o que é que eu faço com ela?!", desesperou-se São Pedro.



"Eu sei que foge dos regulamentos, não deixe o Chefão saber disso, mas o que se pode fazer é pedir desculpas e devolvê-la para o Ministério do Lula... Os dois se entendem bem porque, no fundo, se merecem..."







João Mellão Neto, jornalista





































orque eu fui ministra da área energética por alguns anos, eu sou agora responsabilizada por tudo!"







"Dizem que foi a senhora que formulou o atual modelo de energia."



"Isso é mentira! Quando eu assumi, todas as usinas hidrelétricas já estavam lá!"



"A que a senhora - que entende do assunto - atribui o apagão?"







"Vou-lhe dar a versão oficial do governo: eram três linhões. Acontece que caíram três raios ao mesmo tempo, um em cada Os três entraram em curto-circuito e deu no que deu."



"É uma visão, no mínimo, curiosa... No governo passado houve racionamento de energia porque as chuvas não vieram e os reservatórios de água das usinas hidrelétricas ficaram vazios. Vocês eram da oposição na época e exploraram eleitoralmente o fato. E agora?"







"O apagão do FHC se deu por incompetência. Já o nosso foi devido ao clima, conforme eu já expliquei..."



"Já sei, três raios caíram simultaneamente nas três linhas... E vai por aí afora. Há quem diga que houve sobrecarga do sistema e ele caiu..."







"Isso é mentira! Os raios caíram nos linhões e o assunto está encerrado. Não se fala mais nisso."



"Escute, para a senhora, tudo é mentira."



"Isso também é mentira!"







"Vamos mudar de assunto. A ex-secretária da Receita Federal depôs no Congresso afirmando, com todas as letras, que esteve em seu gabinete, no Palácio do Planalto, e que a senhora lhe pediu para aliviar a barra num processo..."







"Isso é mentira! Nunca estive com essa mulher!"



"Ela disse, recentemente, que tem como provar o que falou... Além do mais, o prédio é inteiramente monitorado. Basta procurar a gravação que a questão fica resolvida."







"Vamos encontrar uma versão conciliatória. Eu admito que a recebi no meu gabinete, mas foi para tratar de outros assuntos."



"Quais?"



"Não me lembro mais. Como canta o Roberto Carlos, "são tantas emoções..."







"Bom, dona Dilma, sinto muito, mas a senhora não preenche os requisitos mínimos para entrar no Céu. Eu não entendi porque Satanás não se dispôs a recebê-la. Aguarde um momento que eu vou telefonar para ele."







São Pedro saiu da sala, pegou o seu celular e ligou diretamente para o "coisa ruim".



"Oi, Lúcifer, porque é que você não foi receber a Dilma Rousseff?"



"Eu não quero nem saber dessa mulher!", explicou o príncipe das trevas. "Se ela vier para cá, em dois minutos vai estar mandando em todo mundo. Essa mulher tem cabelo na venta, é nervosa, irritadiça e impaciente. Estou fora!"







"E o que é que eu faço com ela?!", desesperou-se São Pedro.



"Eu sei que foge dos regulamentos, não deixe o Chefão saber disso, mas o que se pode fazer é pedir desculpas e devolvê-la para o Ministério do Lula... Os dois se entendem bem porque, no fundo, se merecem..."







João Mellão Neto, jornalista

















































Dilma no Céu (publicado no Estadão, 04/12/2009)


João Mellão Neto





Caiu um forte raio em Brasília. Desses que o governo afirma que são capazes de causar um blecaute. Ele caiu justamente no Palácio do Planalto. Para espanto de alguns e alívio de outros, o raio deu de cair exatamente na cabeça da ministra Dilma Rousseff, que foi literalmente torrada. Sem nada o que fazer, ela se dirigiu ao Além.







Ela tinha certeza de que iria para o Inferno. Mas, como o capeta não veio buscá-la, resolveu tentar a sorte no Céu.



Já no portal, encontrou São Pedro com uma meia dúzia de assessores.



"Antes de entrar aqui, a senhora precisa passar por um julgamento", disse-lhe o guardião do Paraíso.



Quero um advogado!"



"Não temos. Os advogados do tipo que a senhora precisa foram todos para o outro lado. A senhora vai ter de se defender sozinha."



"Está bem. Eu sei me virar!"







"Comecemos pela sua juventude. É verdade que a senhora foi guerrilheira?"



"Fui! Do Colina e da VAR-Palmares! E era líder! Pode perguntar lá embaixo que tem um montão de gente que confirma!"



Eu não entendo. A senhora tem orgulho de ter sido terrorista?"



"No Brasil isso pega bem. Tem até um órgão do governo que paga indenizações."



"Consta aqui na sua ficha que a senhora se dedicava a tarefas que não têm nada que ver com uma guerra revolucionária. Roubar cofres, por exemplo."







"É, vai fazer o quê...? Nós expropriamos um que tinha nada menos que US$ 2 milhões!"



"E o que vocês fizeram com o dinheiro?"



"Uma parte nós repartimos com os companheiros dos outros grupos."







"E o resto?"



"Não tinha resto. Era para as nossas despesas. Era eu mesma que cuidava do dinheiro."



"Bom, vamos passar adiante. A senhora ficou alguns anos presa, depois tratou de estudar."







"Eu me graduei, depois fiz o mestrado e o doutorado. Pode ler na minha página na internet."



"Tem gente que diz que a senhora não fez nem uma coisa nem outra..."



"Eu vou lhe dar a mesma resposta que dei para a imprensa: fiz o curso de mestrado, mas não o concluí. Depois eu voltei para a escola, a Unicamp, para fazer o doutorado. Também não me formei porque virei ministra..."







"A Unicamp informou que a senhora nunca se matriculou lá..."



"Isso é mentira!"



"Hum, trata-se de uma carreira bem peculiar... Aqui, na sua ficha, consta também que em 1989 a senhora foi nomeada diretora-geral da Câmara Municipal de Porto Alegre e foi demitida pelo presidente da Casa porque chegava tarde ao trabalho."







"Isso é mentira!"



"A senhora é conhecida como a mãe do PAC. E há quem diga que é, também, madrinha do apagão."



"Isso é mentira! Só porque eu fui ministra da área energética por alguns anos, eu sou agora responsabilizada por tudo!"







"Dizem que foi a senhora que formulou o atual modelo de energia."



"Isso é mentira! Quando eu assumi, todas as usinas hidrelétricas já estavam lá!"



"A que a senhora - que entende do assunto - atribui o apagão?"







"Vou-lhe dar a versão oficial do governo: eram três linhões. Acontece que caíram três raios ao mesmo tempo, um em cada um. Os três entraram em curto-circuito e deu no que deu."



"É uma visão, no mínimo, curiosa... No governo passado houve racionamento de energia porque as chuvas não vieram e os reservatórios de água das usinas hidrelétricas ficaram vazios. Vocês eram da oposição na época e exploraram eleitoralmente o fato. E agora?"







"O apagão do FHC se deu por incompetência. Já o nosso foi devido ao clima, conforme eu já expliquei..."



"Já sei, três raios caíram simultaneamente nas três linhas... E vai por aí afora. Há quem diga que houve sobrecarga do sistema e ele caiu..."







"Isso é mentira! Os raios caíram nos linhões e o assunto está encerrado. Não se fala mais nisso."



"Escute, para a senhora, tudo é mentira."



"Isso também é mentira!"







"Vamos mudar de assunto. A ex-secretária da Receita Federal depôs no Congresso afirmando, com todas as letras, que esteve em seu gabinete, no Palácio do Planalto, e que a senhora lhe pediu para aliviar a barra num processo..."







"Isso é mentira! Nunca estive com essa mulher!"



"Ela disse, recentemente, que tem como provar o que falou... Além do mais, o prédio é inteiramente monitorado. Basta procurar a gravação que a questão fica resolvida."







"Vamos encontrar uma versão conciliatória. Eu admito que a recebi no meu gabinete, mas foi para tratar de outros assuntos."



"Quais?"



"Não me lembro mais. Como canta o Roberto Carlos, "são tantas emoções..."







"Bom, dona Dilma, sinto muito, mas a senhora não preenche os requisitos mínimos para entrar no Céu. Eu não entendi porque Satanás não se dispôs a recebê-la. Aguarde um momento que eu vou telefonar para ele."







São Pedro saiu da sala, pegou o seu celular e ligou diretamente para o "coisa ruim".



"Oi, Lúcifer, porque é que você não foi receber a Dilma Rousseff?"



"Eu não quero nem saber dessa mulher!", explicou o príncipe das trevas. "Se ela vier para cá, em dois minutos vai estar mandando em todo mundo. Essa mulher tem cabelo na venta, é nervosa, irritadiça e impaciente. Estou fora!"







"E o que é que eu faço com ela?!", desesperou-se São Pedro.



"Eu sei que foge dos regulamentos, não deixe o Chefão saber disso, mas o que se pode fazer é pedir desculpas e devolvê-la para o Ministério do Lula... Os dois se entendem bem porque, no fundo, se merecem..."







João Mellão Neto, jornalista





































orque eu fui ministra da área energética por alguns anos, eu sou agora responsabilizada por tudo!"







"Dizem que foi a senhora que formulou o atual modelo de energia."



"Isso é mentira! Quando eu assumi, todas as usinas hidrelétricas já estavam lá!"



"A que a senhora - que entende do assunto - atribui o apagão?"







"Vou-lhe dar a versão oficial do governo: eram três linhões. Acontece que caíram três raios ao mesmo tempo, um em cada Os três entraram em curto-circuito e deu no que deu."



"É uma visão, no mínimo, curiosa... No governo passado houve racionamento de energia porque as chuvas não vieram e os reservatórios de água das usinas hidrelétricas ficaram vazios. Vocês eram da oposição na época e exploraram eleitoralmente o fato. E agora?"







"O apagão do FHC se deu por incompetência. Já o nosso foi devido ao clima, conforme eu já expliquei..."



"Já sei, três raios caíram simultaneamente nas três linhas... E vai por aí afora. Há quem diga que houve sobrecarga do sistema e ele caiu..."







"Isso é mentira! Os raios caíram nos linhões e o assunto está encerrado. Não se fala mais nisso."



"Escute, para a senhora, tudo é mentira."



"Isso também é mentira!"







"Vamos mudar de assunto. A ex-secretária da Receita Federal depôs no Congresso afirmando, com todas as letras, que esteve em seu gabinete, no Palácio do Planalto, e que a senhora lhe pediu para aliviar a barra num processo..."







"Isso é mentira! Nunca estive com essa mulher!"



"Ela disse, recentemente, que tem como provar o que falou... Além do mais, o prédio é inteiramente monitorado. Basta procurar a gravação que a questão fica resolvida."







"Vamos encontrar uma versão conciliatória. Eu admito que a recebi no meu gabinete, mas foi para tratar de outros assuntos."



"Quais?"



"Não me lembro mais. Como canta o Roberto Carlos, "são tantas emoções..."







"Bom, dona Dilma, sinto muito, mas a senhora não preenche os requisitos mínimos para entrar no Céu. Eu não entendi porque Satanás não se dispôs a recebê-la. Aguarde um momento que eu vou telefonar para ele."







São Pedro saiu da sala, pegou o seu celular e ligou diretamente para o "coisa ruim".



"Oi, Lúcifer, porque é que você não foi receber a Dilma Rousseff?"



"Eu não quero nem saber dessa mulher!", explicou o príncipe das trevas. "Se ela vier para cá, em dois minutos vai estar mandando em todo mundo. Essa mulher tem cabelo na venta, é nervosa, irritadiça e impaciente. Estou fora!"







"E o que é que eu faço com ela?!", desesperou-se São Pedro.



"Eu sei que foge dos regulamentos, não deixe o Chefão saber disso, mas o que se pode fazer é pedir desculpas e devolvê-la para o Ministério do Lula... Os dois se entendem bem porque, no fundo, se merecem..."







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Quem sou eu

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São Carlos, São Paulo, Brazil
Daidy Peterlevitz é aposentada, com qualificação para lecionar desde a pré-escola ao Colegial (Matemática e Física).Tem trabalhos publicados na Antologia “A Pena e a Lua”, da APEBS - Associação dos poetas e escritores da Baixada Santista.É autora dos livros As Duas Faces da Mesma Moeda e Quatro Bruxas no Elevador, lançado na Bienal do Livro, em S.Paulo. É autora do projeto DEMBLI, que facilita a circulação de livros, em escolas sem bibliotecárias. Trabalha em seu projeto no qual afirma que o bebê pode e deve aprender a ler. Também fez parte do antigo "SEROP" que funcionava no G.E Oswaldo Cruz, em São Paulo, sob a direção do sr.Jocelyn Pontes Gestal. Era orientadora de Ciências. O grupo, estudava a filosofia e a pedagogia de mestres, preparava apostilas, ia à inúmeras escolas, em S.Paulo e arredores, levando orientação diretamente aos professores ou,se distante como Sta. Izabel, aos diretores, que as passavam aos professores. Atualmente, escreve para seis jornais e, a todos agradece pelo espaço cedido.

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