29 de setembro de 2009

Caso eu precise, você poderia me dizer como assassinar o marido que...”Espantou a minha vó”?

Avaliei que este texto caberia nos dois blogs).

Bem, tenho que fazer um ligeiro retrospecto.Ou introspecto.Esse tal de “pecto”...vai ser difícil assim de entender, lá nos quintos dos infernos!
Vamos ao “retro”.
Morava eu em Santos e coava café. Coador de pano. Uma colher de pó, mexendo sempre, mais uma, sem deixar subir aquela fervura que derrama o besta do café, sobre o besta do fogão e você, besta, xinga...mas tem que limpar tudo!
Eu fazia esse ritual, aguardando o aroma incomparável, que me transportava a um tempo antiiiigo, lá com minha vó, Mathiede Bóscaro Gazzetta, quietinha, miúda,, analfabeta, que criou doze filhos corretos e esta neta ...nem tanto.
Durante o coar daquele café...lá em Santos, minha vó estava comigo...
Lembro-me de quando ela moía o café numa máquina interessante que era preta, viva, tinha um corpo redondo, uma perna só e um braço só! Com a “perna só” se grudava à mesa (mesa da vó, a perna não, preste atenção!) e tudo ficava lindo e durou por 50 anos, isso, em que vivi esses momentos mágicos, em intimidade silenciosa e cúmplices no afeto, eu e ela, a minha vó! Era bom aquele nosso aroma de café, cheio de palha,porcaria, que se vende no Brasil! Era bom!

Só que...Por mais que eu tentasse ter aquele momento de intimidade, entre mim minha vó, nossa história com aquela máquina preta de corpo redondo, com só uma perna e um braço só...tudo se acabou, porque um “intruso” me havia trazido, da Itália, 250g de incomparável pó de café, “Made in Brazil” !
Parece que o melhor do Brasil vai é prá lá fora, mas, aqui dentro, junto à palha em nosso café...há um mundo de boba lembrança, como esta! (Querida lembrança).
Bem...nunca mais minha vó, nunca mais esteve comigo, a desfrutar daquele aroma de café com palha! Nunca mais!
- Dim- dom, dim, toca minha campainha, lá em Santos ...e sabe quem era? Meu marido, hoje meu ex...aquele que me havia trazido o divórcio entre mim e minha vó!
_ -Seu desmancha prazeres! – lhe digo eu e mais:
-“Intrometido! Verme insensível!!..Marido biltre...o seu café, aquele seu café...espantou a minha querida vó!!

Taí que tantos anos se passaram e hoje, o mundo é outro, tudo mudou!
Mas, eu não mudei nada! domingo, 27 de setembro/o9, recebo um pacotinho, cheiroso... vindo de Santos e, é do me ex. , aquele “biltre!!! Que espantou a minha vó Mathiede!!
É um pacote do Café Dias, torrado e moído, tradicionalmente... (será que conheceram minha vó?)...
Amanhã, ao nascer do dia, mais ou menos, tentarei fazer um café, daquele mesmo jeito...de coador de pano, duas colheres de pó, mexendo sempre, sem deixar ferver, mais uma colher de pó e vou aguardar um pouco...e, se minha vó Mathiede não vier de volta, vou é assassinar meu ex marido!!!!!!!
E, aos amigos, a quem pedi conselho sobre esse assassinato...não se preocupem, já sei como fazer isso, bem sozinha e é meio que assim:

“Dedico esta crônica à minha vó Mathiede Bóscaro Gazzetta, ao brasileiro que exige um ótimo pó de café e...lógico, ao meu ex, que me inspirou isso!
Daidy.

Nenhum comentário:

Seguidores

Quem sou eu

Minha foto
São Carlos, São Paulo, Brazil
Daidy Peterlevitz é aposentada, com qualificação para lecionar desde a pré-escola ao Colegial (Matemática e Física).Tem trabalhos publicados na Antologia “A Pena e a Lua”, da APEBS - Associação dos poetas e escritores da Baixada Santista.É autora dos livros As Duas Faces da Mesma Moeda e Quatro Bruxas no Elevador, lançado na Bienal do Livro, em S.Paulo. É autora do projeto DEMBLI, que facilita a circulação de livros, em escolas sem bibliotecárias. Trabalha em seu projeto no qual afirma que o bebê pode e deve aprender a ler. Também fez parte do antigo "SEROP" que funcionava no G.E Oswaldo Cruz, em São Paulo, sob a direção do sr.Jocelyn Pontes Gestal. Era orientadora de Ciências. O grupo, estudava a filosofia e a pedagogia de mestres, preparava apostilas, ia à inúmeras escolas, em S.Paulo e arredores, levando orientação diretamente aos professores ou,se distante como Sta. Izabel, aos diretores, que as passavam aos professores. Atualmente, escreve para seis jornais e, a todos agradece pelo espaço cedido.

Arquivo do blog